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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Carta do II Encontro Estadual de Teatro de Rua



De 30 de agosto a 3 de setembro de 2018, trabalhadoras e trabalhadores do teatro de rua no estado de São Paulo se reuniram na cidade de Guarulhos para voltar a pensar coletivamente sobre nossos posicionamentos acerca do trabalho que fazemos e nossas formas de organização na atual conjuntura de retrocesso nos direitos trabalhistas, desmonte de políticas públicas, censura e genocídio. Nos reencontramos para nos solidarizarmos, para nos reinventarmos como coletivo, para qualificarmos nosso discurso político-estético e para ampliar as redes de apoio por todo o estado.

Nos dias que passamos reunidos pudemos discutir sobre nossas realidades locais, contextos políticos e renovar nossas esperanças. Nossas plenárias foram proveitosas para plasmar nosso horizonte e foram cheias de encenação e criatividade como há muito gostaríamos que fossem. Queremos contrariar as forças de desagregação, contrariar a quem torce para que o desmonte nos atinja. Estaremos nas ruas para auxiliar na construção de um governo popular para todas e todos, mesmo que essa seja mais uma das tentativas que virão. Persistimos pela necessidade!

Repudiamos veemente todas atrocidades causadas aos moradores e moradoras da Área de Proteção Ambiental Cabuçu Tanque-Grande e da cidade de Guarulhos na audiência pública realizada no dia 30 de agosto, data de início do encontro, em que expandimos a nossa solidariedade e abrimos espaço em todas as plenárias e espetáculos para a projeção do assunto que envolve a criação do Aterro Sanitário em Área de Proteção Ambiental.

Reforçamos:
- Que continuamos de braços dados à luta das trabalhadoras e trabalhadores, pelo fim do sistema capitalista que controla nossos corpos e desejos, buscando novas práticas organizativas em rede.
- Que as pautas relacionadas a intersecção de gênero, raça e classe são fundantes no nosso trabalho e negar a discussão destas pautas é caminhar para a reprodução dos comportamentos naturalizados pelo patriarcado. Para compreender que tais comportamentos são frutos do modo de produção capitalista sobre nossos corpos. Da mesma forma com que nos solidarizamos pela disputa de terra, contra o genocídio da população indígena, preta e periférica e contra a violência do estado, sejamos solidários com a luta das mulheres trans e cisgêneras, contra o feminicídio, transfobia e homofobia. Relembramos as demandas levantadas nos encontros passados e reforçamos a importância política ao sugerir que seja tema de discussão no Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua.
- Que somos contrários à censura dos espetáculos que estão ocorrendo em todo o país, como forma de dominação do discurso e cerceamento das manifestações artísticas e de pensamento.
- Que acreditamos no modo de organização autogestivo como forma de evitar a relação de patrão-empregado entre nossos quadros e que todas as plenárias do MTR são soberanas e decidem de forma ampla, coletiva e democrática entre os artistas e produtores presentes no momento em que são instauradas. 

Registramos aqui o nosso apreço pelo processo acadêmico e o quanto ele tem somado ao Teatro de Rua ao longo dos anos por meio de suas pesquisas.

Celebramos também a fundação do núcleo de Guarulhos do MTR - SP, como mais um coletivo que se propõe a ouvir e debater coletivamente as demandas dos artistas e da cidade para o teatro de rua.

Ainda durante o Encontro, o MTR repassou de forma simbólica o estandarte do Movimento ao Movimento Cabuçu que será responsável por repassa-lo ao coletivo, ou, Movimento que sediar o próximo Encontro Estadual de Teatro de Rua de São Paulo.

O II Encontro Estadual de Teatro de Rua foi uma produção do MTR – SP e do Movimento Cabuçu com apoio do Sesc, RBTR, Prefeitura de Guarulhos, Ateliê Camasi Guimarães e Higietopp.

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