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quarta-feira, 27 de junho de 2018

XII Mostra Lino Rojas

Em dezembro de 2017 a XII Mostra Lino Rojas abriu o XXI encontro da RBTR, em Parelheiros, no extremo sul da cidade de São Paulo.

Mesmo com todas as dificuldades que temos enfrentado como artistas de rua no Brasil, nos encontramos na Sede do Teatro de Rocokóz em Parelheiros, extremo Sul - São Paulo - SP. 
Com o apoio e organização do MTR/São Paulo realizamos no centro de Parelheiros, na praça Julio Cézar Campos, a XII Mostra Lino Rojas, nos dias 06 e 07 de dezembro, abrindo assim o encontro da Rede com apresentações de espetáculos que contribuíram para boas discussões e temas que foram levantados no encontro. Confiram algumas fotos da Mostra: 


 Apresentação do Teatro de Rocokóz
 Apresentação Trupe Lona Preta.
Apresentação do Exército Contra Nada. 

Apresentação da Trupe Olho da Rua.


Carta manifesto

XXI Encontro da REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA - RBTR
dezembro/2017 - Parelheiros, São Paulo
“A arte não pode ser calada”

Se quem cala consente
Quem fala? Quem sente?
Se cala quem consente
E consente porque cala.
Somos calad@s sem consentimento
Mas sentimento não se cala,
É sentido                           
Não falar não faz sentido.
Não consentimos que nos calem à força.
Não estamos sós, somos voz!
A fala que controla 
Amordaça quem não fala,
Mente à gente. Cala mentes;
Controla o que se fala.
É preciso calar quem sempre
dominou o poder da fala,
Pois só falam os que têm poder.
Nosso poder está em deixar gritar quem nunca pôde falar.
Falas de Poder.
Poder falar
E falar não:
Poder falar de calar o poder.
Quem sempre falou, agora tem que escutar!
Pelo fim da censura e da perseguição de povos indígenas, negr@s, LGBTTs,  mulheres, religiões de matrizes africanas, d@s artistas de rua e trabalhador@s da Cultura, população em situação de rua, campones@s e sem terras, refugiad@s, ambulantes, periféric@s  e tod@s @s oprimid@s.
Que as Margens não se calem e não se deixem ser caladas.

O XXI encontro da RBTR foi realizado em Parelheiros do dia 08 a 11 de Dezembro, na resistência e solidariedade. A princípio deveria acontecer em Osasco com apoio da Secretaria de Cultura local, mas por conta do processo de censura e perseguição aos movimentos culturais de Osasco e demissão do Secretário de Cultura, foi preciso mudar o local do encontro às pressas. Mesmo em meio ao projeto de desmonte das políticas públicas, resistindo ao governo golpista e à atual conjuntura dessa Dita Democracia, realizamos a XII Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas, cortejos, debates e o XXI encontro da RBTR com plenárias, rodas de mulheres e espaços de troca e formação.
Resistir, reexistir, resistência
Persistir, permitir, experiência!
Resistimos
Não por justiça, por sobrevivência. 
Ansiedade, a ânsia e o anseio pelo novo tempo.
pelo mundo sem dono, sem patrão.
Temos urgência, mas haja paciência!
Em meio a tanta confusão e dúvidas
Resistimos como no movimento das águas que nos fortalece, mas também desestabiliza
São as forças da tradição e d@ nov@
Dificuldade de comunicar com afeto,
Tolerar é pacto ou compreensão?
Experiência prática, erros, confusão.
Aprendizado na ação.
É o nosso Ritual da Resistência.
Fortalecemos para desestabilizar, confundimos para desconfundir.
Lutar cuidando de nossa saúde mental.
Quanta ansiedade, quanto mais se pensa é louco e louco fica se pensa pouco.
Não somos histéricas, resistimos....
Pois a sua boa educação me faz mal, mal educada.
Feminino, amor, diversidade, queremos liberdade!
Roda de mulheres, linda roda, lindas belas trans mulheres.
O tempo, a têmpera, amada presença.
Tempera
Negraluz, as águas, mãe.
Se tentam nos tirar a potência, com a potência criativa atacaremos.
Okuparemos
É por re(ex)istir. 

- Denunciamos e repudiamos o desmonte das políticas públicas de cultura em âmbito federal, como os editais da Funarte, entre eles o Myriam Muniz (teatro), Klaus Viana (Dança) e Artes na Rua (circo, dança e teatro) e o programa Pontos de Cultura, que não tiveram continuidade em 2017.
- Denunciamos e repudiamos o fim das reuniões do colegiado setorial de teatro, ligado ao Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), cujas reuniões deixaram de acontecer no ano de 2017.
- Repudiamos a reintegração do policial militar Marcelo Coelho, julgado pela Justiça Militar pelo assassinato da artista de rua Lua Barbosa, à Polícia Militar do Estado de São Paulo. A RBTR reitera “A impunidade é mais dolorosa que a morte!”.
- Não nos calaremos frente às práticas de censura contra a Mostra Cena Vermelha de Osasco e todas as violências contra @s trabalhador@s e ocupantes das ruas. Construímos uma carta-modelo da RBTR, de apoio aos grupos que fazem arte de rua, pela liberdade de expressão, contra a censura, com base no artigo 5º da Constituição Federal.
-Repudiamos o desmonte de políticas culturais já consolidadas na cidade de São Paulo: cortes nas oficinas culturais nos CEUS e outros equipamentos (Programas Piá e Vocacional), o desmonte da Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA), a diminuição em 30% dos recursos destinados ao Programa VAI (política que busca incentivar a autonomia da juventude periférica), a suspensão do Programa Aldeias (que fortalece aldeias indígenas existentes na cidade), os cortes nos programas de fomento a grupos culturais (teatro, dança, circo, cultura digital, periferia), os atrasos de pagamento e abandono aos agentes comunitários de cultura, e a precarização do trabalho nas Fábricas de cultura no estado de São Paulo;
-Parelheiros foi sede para nosso encontro, região imensa ao extremo sul da cidade de São Paulo, na qual situam-se as duas maiores Áreas de Proteção Ambiental do município, além das aldeias Guarani Krukutu e Tenondé-Porã, da Nação Guarany, área rural de difícil acesso, que conta com 50 mil habitantes e índices altíssimos de violência. O único equipamento que o poder público destina à cultura é o CEU Parelheiros, que, à revelia do projeto inicial, foi construído sem teatro. Apoiamos o Fórum de Cultura de Parelheiros na luta pela implantação da Casa de Cultura, que apesar de ter sido construída em 2009, por motivo desconhecido, o edifício nunca foi usado para os devidos fins – ao contrário: até 2015, a comunidade cultural local nunca soube de sua existência, uma parede dividiu o edifício, metade foi entregue ao Conselho Tutelar e a outra metade permanece abandonada até hoje, com janelas quebradas e fios elétricos subtraídos. Exigimos o encaminhamento adequado e atenção merecida à Cultura da Região.

São Paulo à Venda. Há Venda São Paulo.
Liberdade
Cidade à Venda
Diversidade
Cidade com Venda
Comicidade
Cidade sem renda
Cidade linda pra quem?
Pra quê?
Pra comer ração humana?
Pra derrubar prédio com pessoas dentro?
Come Cidade
Devora o que te engole,
Vomita as migalhas destinadas à Cultura
Não pedimos esmolas, trabalhamos!
E exigimos que os frutos da luta do nosso trabalho sejam cumpridos; nutridos, acolhidos. 
Se querem nos calar a força, com força diremos não: A Nossa arte não vai se calar. Nossa arte é o grito d@s oprimid@s/ d@s que estão à margem, não iremos nos calar!

Carta-manifesto construída coletivamente com muitas mãos. Comum às mãos.
Dezembro de 2017 – Parelheiros – São Paulo

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