Mesmo com todas as dificuldades que temos enfrentado como artistas de rua no Brasil, nos encontramos na Sede do Teatro de Rocokóz em Parelheiros, extremo Sul - São Paulo - SP.
Com o apoio e organização do MTR/São Paulo realizamos no centro de Parelheiros, na praça Julio Cézar Campos, a XII Mostra Lino Rojas, nos dias 06 e 07 de dezembro, abrindo assim o encontro da Rede com apresentações de espetáculos que contribuíram para boas discussões e temas que foram levantados no encontro. Confiram algumas fotos da Mostra:
Apresentação do Teatro de Rocokóz
Apresentação Trupe Lona Preta.
Apresentação do Exército Contra Nada.
Apresentação da Trupe Olho da Rua.
Carta manifesto
XXI Encontro da REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA - RBTR
dezembro/2017 - Parelheiros, São Paulo
“A arte não pode ser calada”
Se
quem cala consente
Quem
fala? Quem sente?
Se
cala quem consente
E consente
porque cala.
Somos
calad@s sem consentimento
Mas
sentimento não se cala,
É
sentido
Não
falar não faz sentido.
Não
consentimos que nos calem à força.
Não
estamos sós, somos voz!
A fala
que controla
Amordaça
quem não fala,
Mente à
gente. Cala mentes;
Controla
o que se fala.
É
preciso calar quem sempre
dominou
o poder da fala,
Pois
só falam os que têm poder.
Nosso
poder está em deixar gritar quem nunca pôde falar.
Falas
de Poder.
Poder
falar
E
falar não:
Poder
falar de calar o poder.
Quem
sempre falou, agora tem que escutar!
Pelo fim
da censura e da perseguição de povos indígenas, negr@s, LGBTTs, mulheres, religiões de matrizes africanas, d@s
artistas de rua e trabalhador@s da Cultura, população em situação de rua,
campones@s e sem terras, refugiad@s, ambulantes, periféric@s e tod@s @s oprimid@s.
Que as
Margens não se calem e não se deixem ser caladas.
O XXI
encontro da RBTR foi realizado em Parelheiros do dia 08 a 11 de Dezembro, na
resistência e solidariedade. A princípio deveria acontecer em Osasco com apoio
da Secretaria de Cultura local, mas por conta do
processo de censura e perseguição aos movimentos culturais de Osasco e demissão
do Secretário de Cultura, foi preciso mudar o local do encontro às pressas.
Mesmo em meio ao projeto de desmonte das políticas públicas, resistindo
ao governo golpista e à atual conjuntura dessa Dita Democracia, realizamos a
XII Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas, cortejos, debates e o XXI encontro da
RBTR com plenárias, rodas de mulheres e espaços de troca e formação.
Resistir,
reexistir, resistência
Persistir,
permitir, experiência!
Resistimos
Não
por justiça, por sobrevivência.
Ansiedade,
a ânsia e o anseio pelo novo tempo.
pelo
mundo sem dono, sem patrão.
Temos
urgência, mas haja paciência!
Em
meio a tanta confusão e dúvidas
Resistimos
como no movimento das águas que nos fortalece, mas também desestabiliza
São as
forças da tradição e d@ nov@
Dificuldade
de comunicar com afeto,
Tolerar
é pacto ou compreensão?
Experiência
prática, erros, confusão.
Aprendizado
na ação.
É o
nosso Ritual da Resistência.
Fortalecemos
para desestabilizar, confundimos para desconfundir.
Lutar
cuidando de nossa saúde mental.
Quanta
ansiedade, quanto mais se pensa é louco e louco fica se pensa pouco.
Não
somos histéricas, resistimos....
Pois a
sua boa educação me faz mal, mal educada.
Feminino,
amor, diversidade, queremos liberdade!
Roda
de mulheres, linda roda, lindas belas trans mulheres.
O
tempo, a têmpera, amada presença.
Tempera
Negraluz,
as águas, mãe.
Se
tentam nos tirar a potência, com a potência criativa atacaremos.
Okuparemos
É por
re(ex)istir.
- Denunciamos
e repudiamos o desmonte das políticas públicas de cultura em âmbito federal,
como os editais da Funarte, entre eles o Myriam Muniz (teatro), Klaus Viana
(Dança) e Artes na Rua (circo, dança e teatro) e o programa Pontos de Cultura,
que não tiveram continuidade em 2017.
- Denunciamos
e repudiamos o fim das reuniões do colegiado setorial de teatro, ligado ao
Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), cujas reuniões deixaram de
acontecer no ano de 2017.
- Repudiamos
a reintegração do policial militar Marcelo Coelho, julgado pela Justiça Militar
pelo assassinato da artista de rua Lua Barbosa, à Polícia Militar do Estado de
São Paulo. A RBTR reitera “A impunidade é mais dolorosa que a morte!”.
- Não
nos calaremos frente às práticas de censura contra a Mostra Cena Vermelha de
Osasco e todas as violências contra @s trabalhador@s e ocupantes das ruas.
Construímos uma carta-modelo da RBTR, de apoio aos grupos que fazem arte de
rua, pela liberdade de expressão, contra a censura, com base no artigo 5º da
Constituição Federal.
-Repudiamos o desmonte de políticas culturais já consolidadas
na cidade de São Paulo: cortes nas
oficinas culturais nos CEUS e outros equipamentos
(Programas Piá e Vocacional), o desmonte da
Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA), a
diminuição em 30% dos recursos destinados ao Programa VAI (política que busca
incentivar a autonomia da juventude periférica), a suspensão do Programa
Aldeias (que fortalece aldeias indígenas existentes na cidade), os cortes nos
programas de fomento a grupos culturais (teatro, dança, circo, cultura digital,
periferia), os atrasos de pagamento e abandono aos agentes comunitários de
cultura, e a precarização do trabalho nas Fábricas de cultura no estado de São
Paulo;
-Parelheiros
foi sede para nosso encontro, região imensa ao extremo sul da cidade de São
Paulo, na qual situam-se as duas maiores Áreas de Proteção Ambiental do
município, além das aldeias Guarani Krukutu e Tenondé-Porã, da Nação Guarany,
área rural de difícil acesso, que conta com 50 mil habitantes e índices
altíssimos de violência. O único equipamento que o poder público destina à
cultura é o CEU Parelheiros, que, à revelia do projeto inicial, foi construído
sem teatro. Apoiamos o Fórum de Cultura de Parelheiros na luta pela implantação
da Casa
de Cultura, que apesar
de ter sido construída em 2009, por motivo desconhecido, o edifício nunca foi
usado para os devidos fins – ao contrário: até 2015, a comunidade cultural
local nunca soube de sua existência, uma parede dividiu o edifício, metade foi
entregue ao Conselho Tutelar e a outra metade permanece abandonada até hoje,
com janelas quebradas e fios elétricos subtraídos. Exigimos o encaminhamento
adequado e atenção merecida à Cultura da Região.
São Paulo à Venda. Há Venda São Paulo.
Liberdade
Cidade
à Venda
Diversidade
Cidade
com Venda
Comicidade
Cidade
sem renda
Cidade
linda pra quem?
Pra
quê?
Pra
comer ração humana?
Pra
derrubar prédio com pessoas dentro?
Come
Cidade
Devora
o que te engole,
Vomita
as migalhas destinadas à Cultura
Não
pedimos esmolas, trabalhamos!
E
exigimos que os frutos da luta do nosso trabalho sejam cumpridos; nutridos,
acolhidos.
Se
querem nos calar a força, com força diremos não: A Nossa arte não vai se calar.
Nossa arte é o grito d@s oprimid@s/ d@s que estão à margem, não iremos nos
calar!
Carta-manifesto construída coletivamente com
muitas mãos. Comum às mãos.
Dezembro
de 2017 – Parelheiros – São Paulo
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