De 30 de agosto a 3 de setembro de
2018, trabalhadoras e trabalhadores do teatro de rua no estado de São Paulo se
reuniram na cidade de Guarulhos para voltar a pensar coletivamente sobre nossos
posicionamentos acerca do trabalho que fazemos e nossas formas de organização
na atual conjuntura de retrocesso nos direitos trabalhistas, desmonte de
políticas públicas, censura e genocídio. Nos reencontramos para nos
solidarizarmos, para nos reinventarmos como coletivo, para qualificarmos nosso
discurso político-estético e para ampliar as redes de apoio por todo o estado.
Nos dias que passamos reunidos
pudemos discutir sobre nossas realidades locais, contextos políticos e renovar
nossas esperanças. Nossas plenárias foram proveitosas para plasmar nosso
horizonte e foram cheias de encenação e criatividade como há muito gostaríamos
que fossem. Queremos contrariar as forças de desagregação, contrariar a quem
torce para que o desmonte nos atinja. Estaremos nas ruas para auxiliar na
construção de um governo popular para todas e todos, mesmo que essa seja mais
uma das tentativas que virão. Persistimos pela necessidade!
Repudiamos veemente todas atrocidades
causadas aos moradores e moradoras da Área de Proteção Ambiental Cabuçu
Tanque-Grande e da cidade de Guarulhos na audiência pública realizada no dia 30
de agosto, data de início do encontro, em que expandimos a nossa solidariedade
e abrimos espaço em todas as plenárias e espetáculos para a projeção do assunto
que envolve a criação do Aterro Sanitário em Área de Proteção Ambiental.
Reforçamos:
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Que continuamos de braços dados à luta das trabalhadoras e trabalhadores, pelo
fim do sistema capitalista que controla nossos corpos e desejos, buscando novas
práticas organizativas em rede.
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Que as pautas relacionadas a intersecção de gênero, raça e classe são fundantes
no nosso trabalho e negar a discussão destas pautas é caminhar para a
reprodução dos comportamentos naturalizados pelo patriarcado. Para compreender
que tais comportamentos são frutos do modo de produção capitalista sobre nossos
corpos. Da mesma forma com que nos solidarizamos pela disputa de terra, contra
o genocídio da população indígena, preta e periférica e contra a violência do
estado, sejamos solidários com a luta das mulheres trans e cisgêneras, contra o
feminicídio, transfobia e homofobia. Relembramos as demandas levantadas nos
encontros passados e reforçamos a importância política ao sugerir que seja tema
de discussão no Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua.
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Que somos contrários à censura dos espetáculos que estão ocorrendo em todo o
país, como forma de dominação do discurso e cerceamento das manifestações
artísticas e de pensamento.
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Que acreditamos no modo de organização autogestivo como forma de evitar a
relação de patrão-empregado entre nossos quadros e que todas as plenárias do
MTR são soberanas e decidem de forma ampla, coletiva e democrática entre os
artistas e produtores presentes no momento em que são instauradas.
Registramos
aqui o nosso apreço pelo processo acadêmico e o quanto ele tem somado ao Teatro
de Rua ao longo dos anos por meio de suas pesquisas.
Celebramos também a fundação do
núcleo de Guarulhos do MTR - SP, como mais um coletivo que se propõe a ouvir e
debater coletivamente as demandas dos artistas e da cidade para o teatro de
rua.
Ainda durante o Encontro, o MTR
repassou de forma simbólica o estandarte do Movimento ao Movimento Cabuçu que
será responsável por repassa-lo ao coletivo, ou, Movimento que sediar o próximo
Encontro Estadual de Teatro de Rua de São Paulo.
O II Encontro Estadual de Teatro de
Rua foi uma produção do MTR – SP e do Movimento Cabuçu com apoio do Sesc, RBTR,
Prefeitura de Guarulhos, Ateliê Camasi Guimarães e Higietopp.